1. A primeira coisa é que a cuíca é um instrumento muito pessoal. Cada um trata, afina, escolhe o gambito e o líquido, de maneira muito pessoal. É muito difícil alguém arrebentar em qualquer cuíca, em geral alguém toca muito bem a sua cuíca. Então nenhuma dica pra bichinha é universal e imutável.
2. Como alguém comentou cuíca de madeira é fria. Prefira as de metal. Não gosto nem da contemporânea e nem da Gope. Acho que melhor é a da Redenção de 9,5. Quanto menor a cuíca mas fácil de tocar porque você vai achar o agudo com mais facilidade. Em compensação cuícas pequenas não tem um grave legal.
3. Muuuitas coisas influêm no som da cuíca, vou falar de alguns deles em seguida:
a) a grossura do gambito: O gambito é a haste de bambu da cuíca. Ele vem grossão. Você deve afiná-lo com uma lixa. O quanto você vai afinar fica a seu encargo. Quanto mais fino mais agudo o som. Também diminuir o tamanho, pois muito grande quebra com mais facilidade.
b) O pano que se usa pra tocar: O ideal é um tipo determinado de gorgorão, que você compra em algumas lojas de tecido ou pega na sua escola de samba. Na ausência do gorgorão use um pedaço de toalha fina ou um pano de prato áspero. Há quem goste de tocar com filtro de café tipo Melita. O efeito é interessante sobretudo se você tocar com querosene, líquido predileto do Casemiro da Velha Guarda da Portela.
c) O líquido: Há quem toque com água, há quem toque com querosene, há quem toque com álcool. A água tem como qualidade a praticidade - acha-se em todo lugar. Tem como inconveniente o fato de que, tocando muito tempo, o seu gambito vai ficando úmido e você pode molhar a pele no entorno de onde o gambito fica preso. Se isso acontecer pare imediatamente e guarde sua cuíca, já que a pressão dos seus dedos sobre o couro molhado pode romper a pele. O querosene produz o melhor resultado, facilita ( não me perguntem o porque) os agudos e não ensopa o gambito. O inconveniente é o cheiro que invade o boteco e a ameaça sempre presente de que um fumante ateie fogo ao estabelecimento. O álcool tem metade das inconveniências da água e todas as do querosene. Dispense-o de cara.
d) A pele: a pele usada na cuíca é de cabra. Aí depende muito do resto. Quanto mais fina a pele, mais fácil o agudo. No entanto vou tendo uma impressão de que a pele fina deixa a cuíca com um som mais baixo, mas não tenho certeza. Eu prefiro as peles grossas, que são mais resistêntes.
e) A afinação: eis aí uma das grandes artes de se tocar cuíca. A afinação vai depender de como você combinou os elementos anteriores. Se você tiver um gambito grosso, uma pele grossa, uma cuíca grande, pra tirar um agudo de respeito você vai precisar apertar bastante a bichinha. Por isso é preciso que você combinem elementos que deixem a cuíca mais aguda, com elementos que a tornem mais grave para que você possa dar a ela uma afinação pessoal que tenha a ver com o seu jeito de tocar e com o resultado que você espera.
f) o seu modo de tocar: Isso é o mais pessoal de tudo. Tem um estilo que você pode buscar nas escolas de samba, em que a cuíca vai no ritmo, o tempo todo. Tem um estilo que, me parece, nasceu com o Marçal de uma cuíca que dialoga com o violão e com o cantor. Eu não valorizo tanto esse negócio de tirar várias notas da cuíca, de ficar transformando o instrumento de percussão ( ou de fricção como prefere o Oswaldinho) em instrumento de harmonia. Para mim, nos dias de hoje, o melhor cuíqueiro da parada é um cabra chamado Zeca da Cuíca. Com todo o respeito ao Ovídio.
Quem sabe o pessoal da agenda que toca cuíca não poderia abrir uma lista off pra discutir dicas sobre o nosso instrumento querido? Talvez essa fosse uma forma de fazer a cuíca voltar a estar presente nas rodas de samba do Brasil.

Não sou um expert em cuíca, mas depois de 1 ano apanhando deu pra aprender alguns macetes.
- Afaste-se das cuícas de madeira. A melhor são as de metais. Conheço as Gope e Contemporânea que dão pro Gasto. Já me falaram que tem um cara no Rio que faz umas que são insuperáveis. - Quanto ao líquido que vai no pano, tem gente que diz que alcool misturado a água é o melhor. Eu uso qualquer líquido, até cerveja Kaiser já me quebrou o galho. - Outro problema, sempre tenha junto uma chave como o couro é animal, ele desafia com uma certa frequencia. Tem umas com pele sintética, mas não acho que fica legal o som. - A melhor escola de Cuíca que conheço foi o Disco da Teresa Cristina volume 1 e 2. Escute e tente imitar. Se tu conseguir fazer 5 % do que o cara da gravação fez , já pode sair dizendo que sabe tocar cuíca

A cuíca é um instrumento cujas origens são menos conhecidas do que os outros instrumentos afro-brasileiros. Ela foi trazida ao Brasil por escravos africanos Banto, mas ligações podem ser traçadas a outras partes do nordeste africano, assim como à península Ibérica. A cuíca era também chamada de "rugido de leão" ou de "tambor de fricção". Em suas primeiras encarnações era usada por caçadores para atrair leões com os rugidos que o instrumento pode produzir. Existem muitos tamanhos de cuíca, e embora seja geralmente considerada um instrumento de percussão ela não é percutida. Encaixada na parte de baixo da pele está uma haste de bambu. O polegar, o indicador e o dedo médio seguram a haste no interior do instrumento com um pedaço de pano úmido, e os ritmos são articulados pelo deslizamento deste tecido ao longo do bambu. A outra mão segura a cuíca e com os dedos exerce uma pressão na pele. Quanto mais forte a haste for segurada e mais pressão for aplicada na pele mais altos serão os tons obtidos. Um toque mais leve e menos pressão irão produzir tons mais baixos. A extensão tonal da cuíca pode chegar a duas oitavas. Os tons produzidos tentam imitar a voz na forma de grunhidos, gemidos, soluços e guinchos, e podem estabelecer assim um ostinato rítmico. Depois de integrada no arsenal percussivo brasileiro, a cuíca foi tradicionalmente usada por escolas de samba no carnaval, mas atualmente é também encontrada no jazz contemporâneo e em estilos funk e latinos.